Músico disse que o Carnaval do Rio só alcançou o nível de hoje por causa das verbas oriundas da contravenção.
A Beija-Flor de Nilópolis venceu o Carnaval do Rio de Janeiro pela 13ª vez em sua história. Mas a taça não veio sem polêmica. O enredo da escola foi de exaltação à cultura africana, homenageando a Guiné Equatorial, país que vive sob forte regime ditatorial. E as demais escolas de samba, têm ou não patrocínios “duvidosos”? Essa foi a pergunta do Timeline desta quinta-feira (19), que entrevistou o intérprete Neguinho da Beija-Flor.
“Eu sou do tempo que desfile de escola de samba era uma bagunça. Terminava duas, três horas da tarde. Se não fosse dinheiro da contravenção, hoje não teríamos o maior espetáculo audiovisual do planeta. Agradeça à contravenção”, afirmou o intérprete ao reforçar que todas recebem o dinheiro sujo.
Ele desmentiu a informação de que a Beija-Flor recebeu R$ 10 milhões do governo da Guiné, mas ponderou que o patrocínio oriundo de políticos é natural para realização dos desfiles: “A Portela também teve um patrocínio muito forte. O governador do Rio de Janeiro, o Pezão, queria que a Portela ganhasse. Vai dizer que não fez investimento? O prefeito (Eduardo Paes) é portelense doente. Vai dizer que não colocaram dinheiro na Portela?”, questionou.
Apesar das polêmicas, o desfile da Beija-Flor foi apontado como “impecável” por especialistas e carnavalescos. Para Neguinho, historicamente a Europa também maltratou negros, índios, judeus e outras etnias, e mesmo assim seus feitos são exaltados. Brincalhão e “feio”, segundo suas palavras, o carnavalesco, que comanda o samba enredo na Sapucaí há 40 anos, valorizou o espaço dado pela mídia: “Deixa falar. Eu não sou bonito, nem to namorando a Brooke Shields (atriz norte-americana, estrela do filme “A Lagoa Azul”, de 1980), mas se você falar vai ser excelente pra mim. Neguinho é bonito e tá namorando a Brooke Shields. Isso é o mesmo que os R$ 10 milhões. Deu mídia. Deixa falar”.
A entrevistou terminou com Neguinho da Beija-Flor cantando o samba-enredo de 2015. Quer ouvir? O papo está na íntegra, no link abaixo: