Todos os dias nos deparamos com casos de maus tratos a animais e a pergunta que sempre me vem a cabeça é “porque a pessoa fez isso?” Afinal, o que leva uma pessoa a maltratar um animal. Poderíamos encerrar essa pergunta com a resposta “pura maldade humana, falta de caráter.” Mas estudos realizados indicam que a pessoa que foi capaz de machucar e até matar um animal também é capaz de machucar e matar uma criança, uma mulher ou um idoso.
Sou apaixonada por animais, para mim um ser humano que é capaz de cometer tamanha atrocidade é sem dúvida alguma um ser repugnante. Animais não podem se defender sozinhos. Ficam reféns dos homens, da sua crueldade. Nem mesmo entendem por que apanham. Veem o seu dono e pensam logo em alguém que lhes de amor, carinho e atenção. Que surpresa desagradável, então, é levar uma bordoada, um chute ou qualquer outro tipo de ataque. Quem bate não faz ideia de como sofre o animal.
É covarde quem bate em um cão doméstico ou chuta um gato na rua, é covarde aquele capaz de jogar água fervendo no cãozinho inocente ou até mesmo enterrar vivo aquele cachorro doente que não “serve” mais para nada. É igualmente covarde o dono do circo que deixa o leão preso na jaula, a definhar ou que adestra o elefante espancando-o com uma vara de pau. É covarde o dono do zoológico incapaz de ver o sofrimento naqueles animais que são expostos para distração de meros humanos. Doméstico ou selvagem, pouco importa: a violência contra os animais é inaceitável.
De acordo com a Lei 9.605/98, em seu artigo 32 (Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa). A lei existe, mas será que ela está sendo cumprida? Pelo que vemos, não. Infelizmente em nosso País as leis demoram um pouco para serem colocadas em praticas e finalmente os seres desumanos serem punidos. Aos poucos aumentam o número de pessoas que defendem os animais e buscam de uma vez acabar com tantas crueldades.
Mas o agressor de um animal não é apenas um covarde. É também um potencial criminoso. Pelo menos é o que revela a pesquisa feita pelo chefe de operações da Polícia Militar Ambiental de São Paulo, capitão Marcelo Robis Nassaro. Em sua dissertação de mestrado, ele analisou os dados daqueles que foram autuados por maus-tratos a animais. Descobriu então que muitos dos agressores haviam se envolvido em outros crimes. Na verdade, seu estudo inspirou-se noutro, realizado nos Estados Unidos, quando pesquisadores constataram que serial killers registravam em comum um histórico de agressão a animais.
Cientistas explicam que a diferença entre nós seres humanos e os animais é apenas de grau, não de essência. A função dos órgãos de um animal é similar à humana, sendo assim os animais reagem aos estímulos dolorosos. O sistema límbico (responsável pelas emoções e sentimentos) é idêntico em todos os mamíferos, exceto que no homem o córtex cerebral (responsável pela reflexão) é muito mais desenvolvido. Podemos dizer então que falta um pouco de córtex cerebral naquele que maltrata um animal, ou será que esse ser humano tem algum tipo de distúrbio psiquiátrico?
No fim, a lição que fica das pesquisas, bem assim dos tristes exemplos é uma só, as agressões contra os animais constituem o primeiro estágio na escalada do crime. Quem põe um galo para brigar até a morte numa rinha, quem quebra as asas de uma ave, quem fustiga um jumento com o junco está a um passo da mesma covardia que acomete aquele que espanca uma mulher, que maltrata uma criança, que toma em mãos um revólver disposto a matar. Em todos esses casos, sobra sangue frio, falta respeito à vida. A violência é a mesma.
“A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem” – Arthur Schopenhauer.
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