Drone: com o auxílio de drones, MOAS detecta embarcações de imigrantes em situação de emergência no Mediterrâneo
São Paulo – Transportados em embarcações precárias, milhares de imigrantes de diferentes partes da África e do Oriente Médio buscam cruzar o Mar Mediterrâneo em direção à Europa. Em 2014, revelou o braço da ONU para refugiados, 218 mil pessoas arriscaram suas vidas nestas jornadas. Muitas, contudo, jamais pisaram em terra firme novamente.
Em 2015, a situação não dá sinais de que mudará. Nesta semana, uma embarcação com 550 imigrantes e que seguia da Líbia para a Itália naufragou matando 400 deles. No sábado passado, autoridades italianas realizaram cinco operações de resgate para salvar 1.500 pessoas que estavam à deriva no mar.
O drama vivido por estas pessoas inspirou a família Catrambone a arregaçar as mangas e tentar, de alguma forma, ajudar. Tudo começou durante um cruzeiro de férias, quando testemunharam os momentos após a tragédia em Lampedusa, Itália, quando uma embarcação de naufragou matando 400 imigrantes.
Operação de resgate da MOAS: apenas nos primeiros 60 dias de operações, entidade salvou 3 mil pessoas no mar.
“Vimos um colete salva-vidas boiando na água e aquilo nos chocou”, relatou Christopher Catrambone para o canal de televisão NBC News. A ideia de montar a MOAS veio em seguida, após uma visita do papa Francisco ao local do acidente e na qual ele pediu para que as pessoas não fossem indiferentes aos apelos dos imigrantes. “E foi exatamente isto que fizemos”, pontuou.
Decidiram então investir partes de sua fortuna para esta causa e fundaram a Migrant Offshore Aid Station (MOAS), a primeira entidade privada dedicada ao resgate e assistência de imigrantes em situação de emergência no Mediterrâneo.
Para tanto, alocaram 50% (cerca de 7,5 milhões de dólares) de suas economias para a operação. Compraram uma embarcação e a adaptaram com equipamentos modernos de tecnologia marítima, incluíram ainda uma enfermaria. Além disso, contam com a ajuda de dois drones, dois botes infláveis e uma equipe de especialistas.
A entidade entrou em atividade em 2014 e, nos primeiros 60 dias de trabalho, conseguiu salvar mais de 3.000 pessoas em um ano que é considerado o mais mortal já registrado para os imigrantes no mar. Segundo estimativas da MOAS, naufrágios no ano passado deixaram mais 3.400 vítimas.
A expectativa para 2015 não é das melhores, uma vez que a Mare Nostrum, uma iniciativa da marinha italiana, encerrou suas operações por dificuldades financeiras. Contudo, apesar da falta de apoio dos governos europeus, MOAS ganhou uma aliada: a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras irá auxiliá-la em uma série operações entre maio e outubro deste ano.
Família Catrambone: Christopher e sua esposa viviam em Nova Orleans quando o Katrina devastou a região.
“Não estamos aqui para salvar o mundo”, contou o milionário à revista Time, “estamos aqui para ajudar pessoas em necessidade”. “E não podemos ignorar o fato de que há gente morrendo no mar. Ninguém pode ignorar isso”, lamentou.
Donos de uma empresa de segurança que presta serviços de seguro e emergência em áreas de conflitos, Catrambone e sua esposa Regina viveram em Nova Orleans até 2008. Deixaram os Estados Unidos depois de sofrerem com a devastação deixada pelo furacão Katrina na região em 2005. Decidiram então recomeçar a vida em Malta, onde vivem até hoje e onde está baseada a MOAS.
Veja abaixo um vídeo produzido pela entidade e que conta um pouco do drama das pessoas que tentam realizar esta perigosa travessia.
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