Drones são perigosos
Os drones mais básicos podem pesar até três quilos. Ele possuem hélices e podem chegar a até um quilômetro de altura (embora, como se verá a seguir, a legislação proíba). Ou seja, na mão de amadores e operadores pouco hábeis, têm um belo potencial para estragos. Isso sem contar as eventuais falhas técnicas a que toda máquina está sujeita. Que o diga Raija Ogden, por exemplo, atleta hospitalizada após ser atingida por um drone durante uma prova de triatlo na Austrália em abril do ano passado.
AFP PHOTO / JUAN MABROMATA
Drone engraçadinho da torcida do Boca
Quase tudo ilegal
Os drones não são nem aeronaves, nem aeromodelos. São multirrotores. Quem diz isso é Flávio Lampert, presidente da Associação Brasileira de Multirrotores (ABM). Forte defensor do voo seguro e dentro das regras, ele explica que, do ponto de vista da legislação, e do seu cumprimento, a situação no Brasil hoje é, para dizer o mínimo, uma bagunça.
“Quase tudo o que se vê hoje é ilegal. De drones filmando casamentos até outros usos super bem intencionados, quase sempre tem algo que viola as regras”, explica Lampert. Mas quer dizer então que existem regras? Sim, existem, mas nem sempre são respeitadas e bem fiscalizadas.
Hoje não há uma legislação específica para drones no Brasil. Ela está em estudo e deve entrar em consulta pública, mas não existe data oficial para tal.
Por isso, a maioria das pessoas que opera drones por aqui hoje deve seguir a regulamentação que trata de aeromodelismo, de 1999, ou de operações experimentais.
Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), os equipamentos devem respeitar a restrição de não operar nas zonas de aproximação e decolagem de aeródromos e aeroportos, nunca ultrapassar altura superior a 120 metros (400 pés), ficar ao alcance da visão do piloto, e não ser operado para fins lucrativos, sobre áreas densamente povoadas ou urbanas.
Itaquerão invadido
Além de ilegal, os drones muitas vezes são comandados por muita gente sem preparo.
“Não existem cursos regulares para pilotar esses equipamentos no Brasil. Qualquer um pode sair pilotando”, diz Lampert. E o especialista não tem dúvidas sobre os estragos que um drone poderia fazer sobre uma multidão em um estádio.
“Pode machucar feio. Vamos lembrar que é um aparelho com quatro hélices, e tem gente que ainda troca as de plástico pelas de fibra de carbono, que são extremamente cortantes”, diz Lampert.
Mas o quão viável seria para um engraçadinho mandar um drone para dentro de campo? Para começar, Lampert acredita que seria complicado comandar um aparelho de fora para dentro do estádio. Ou seja, uma revista séria já resolveria grande parte da questão. “Um drone básico, do tipo Phantom, voa com segurança no máximo uns 400 metros”, explica.
Há, entretanto, um porém. Com algumas modificações, explica ele, um drone desta linha pode ganhar autonomia de até cinco quilômetros de distância. E, dependendo da arquitetura e localização do estádio, ele fica bem mais sujeito a invasões. É o caso da Arena Corinthians, em São Paulo.
Com vários espaços vazados em sua estrutura, e com poucos edifícios ao seu redor, a casa do Corinthians seria um prato cheio. Aliás, ela já recebeu a visita de um drone, e as autoridades sabem disso. Em vídeo publicado no YouTube em abril deste ano, um aparelho entra no estádio e sobrevoa o campo sem problemas. E, apesar dos comentários pedindo cuidado (“você é maluco….kkkk….show….cara cuidado com a ANAC, os caras estão querendo acabar com nossa brincadeira….”), o responsável pelo vídeo parece não se preocupar nem um pouco, mesmo que esteja violando a legislação: não voar sobre áreas densamente povoadas e urbanas (ele sobrevoa também uma avenida próxima do estádio corintiano).
Vídeo é conhecido
“Com a nossa revista, acho muito difícil. Mesmo desmontado, porque ocupa um grande volume.” O uso dos aparelhos, por alguém de fora do estádio, também é visto como pouco provável. “Usar um drone, por exemplo, para levar uma arma para dentro do estádio, não faria muito sentido porque teria uma logística muito complicada”, explica o comandante. Mas e drones tiradores de sarro, como o de La Bombonera? “Sim, pode acontecer”, diz o comandante.
Atual gestor da Arena Corinthians, Lucio Blanco admite que drones envolvem riscos como quedas, lesões graves e até fatalidades. Mas, sobre o vídeo feito no estádio, ele diz que “as ocasiões em que ocorreram esses eventos aconteceram com o conhecimento do Corinthians, sendo assim, tudo foi feito de maneira bem natural.”
Blanco aposta principalmente no sistema de monitoramento por câmeras para “identificar com antecedência” ocorrências que possam envolver drones.
ALEXA STANKOVIC / AFP
Drone em Sérvia X Albânia causou grande confusão e fim do jogo
Fonte: Bol.com.br
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