O uso de drones em filmagens abriu um nicho de mercado para empresas produtoras de imagens. O aparelho operado por controle remoto tem sido usado para registrar imagens de videoclipes, casamentos e até áreas desmatadas. Com ele, uma construtora já simulou a futura vista de apartamentos à venda na planta. O serviço pode render até R$ 40 mil por mês.
A Drone Imagens, que tem escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo, já fez registros de imagens em lavouras, áreas desmatadas, imóveis e filmou videoclipes e casamentos. Por mês, o negócio atende de dez a 12 clientes e fatura entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, segundo o sócio Ricardo Gonçalves da Fonseca, 43. O lucro não foi revelado.
A diária de um drone varia de R$ 1.500 a R$ 6.800, dependendo do modelo e da qualidade da câmera utilizada. No valor já está inclusa a mão de obra de piloto e assistente, que comandam o equipamento do solo. "O drone possibilita fazer tomadas diferenciadas de locais que mesmo um helicóptero teria dificuldade para chegar", diz Fonseca.
A empresa tem oito drones disponíveis para locação. Cada um custou entre R$ 4.500 e R$ 35 mil, segundo o empresário. Os aparelhos funcionam com bateria e podem voar por até 20 minutos. "Para não deixar o cliente na mão, sempre levamos baterias extras para trocar durante o serviço", afirma.
Empresário começou negócio com R$ 8.000
A Alfa Drones, na capital paulista, entrou para o mercado em 2014 com investimento inicial de R$ 8.000 (o custo de um drone), de acordo com o fundador Edgard Giorge, 36. A empresa atende de cinco a seis clientes por mês e fatura entre R$ 12 mil e R$ 15 mil, segundo o empresário. O lucro não foi divulgado.
O aluguel diário de um drone custa, em média, R$ 2.500. Segundo Giorge, cerca de 70% das locações são feitas para agências de publicidade, que atendem clientes de diversas áreas, como construção, mineração e eventos. O empresário também faz monitoramento de segurança com drones para algumas empresas.
Giorge é praticante de aeromodelismo. Ele diz que a ideia do negócio surgiu quando amigos perguntaram se ele poderia usar os aeromodelos para filmagens. Mas o drone servia melhor à proposta. "Foi aí que comprei o primeiro drone e passei a atender os pedidos de alguns amigos. Depois, formalizei a empresa e comecei a divulgar o serviço na internet", declara.
Uso de drone não é regulamentado
O uso de drones, no entanto, carece de regulamentação no país. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), uma proposta deverá ser submetida a audiência pública ainda no primeiro semestre deste ano, mas não há previsão para que a regulamentação entre em vigor.
De acordo com a Anac, não há restrições para a compra de drones, porém o equipamento deve ser registrado no órgão e no Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Em caso de uso sem autorização, o infrator fica sujeito a ações de responsabilidade civil e penal. A Alfa Drones e a Drone Images disseram ter os equipamentos devidamente registrados.
Regulamentação severa pode inibir empresários
A falta de regulamentação não é o único problema para as empresas do ramo, afirma Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper. Segundo ele, caso a legislação aprovada seja mais restritiva, é possível que muitos negócios deixem de existir.
"Uma regulamentação severa pode colocar em situação de irregularidade muitas empresas que atuam hoje no mercado e inibir novos empresários de entrarem para o setor", declara.
Caso a regulamentação seja mais branda, Nakagawa diz que o segmento pode sofrer um "boom" de novos negócios. "A barreira de entrada é baixa. O custo inicial é acessível e não exige muita especialização", afirma. "Hoje, a filmagem aérea ainda é um diferencial, mas a tendência é que seja um pré-requisito futuramente."
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